domingo, 10 de junho de 2012

Uma missa de tortura a la portuguesa.

Hoje o dia inteiro foi passando fazendo uma releitura de um trecho da Missa do Galo, de machado de Assis, e assim a história não poderia conter pôneis soltando laser ou aliens invadindo locais, mas ainda poderia ter problemas emocionais, que foi a única coisa que consegui colocar, e por isso a história não ficou a la Morru.



A noite da Missa do Galo.

Já se era tarde da noite e eu me encontrava deitada abaixo de minhas cobertas, esperando cair em um sono profundo e assim passar toda a pressão e sofrimento que senta pela traição, pelo equilibrio constantes dos meus atos, e principalmente, pelo fato de ter que continuar deste modo.
Passavam-se horas e horas e não conseguia dormir, notando que talvez levasse mais tempo do que já teria passado, resolvi me levantar e descansar um pouco na sala, olhando pela janela, e vendo as pessoas indo para a missa.
Ao descer as escadas eu notei o jovem que ali estava, não me recordava de quem ele era, só me recordava que tinha alguma relação com o Meneses, mas não me lembrava no momento, só me lembrava que ele não deveria estar ali naquele momento, porém, me recordará que fosse uma boa oportunidade para se aproveitar da situação, e assim conseguir me livrar do equilibrio e da traição em um momento, ao menos, em um momento.
_Ainda não foi? - perguntei a ele.
_Não fui; parece que ainda não é meia-noite. - ele respondeu enquanto segurava um livro e olhava de um modo indiferente.
_Que paciência. - respondi, tentando manter a mesma indiferença.
Assim foi me aproximando dele, andando de modo calmo e lento até a cadeira defronte a ele, e sentando sem demonstrar muito interesse, pois como havia dito, estava tentando ser indiferente, porém isso não durou muito até ele perguntar se me acordará.
_Não! Qual! Acordei por acordar! - enquanto a realidade seria de não ter conseguido dormir, e assim fiquei até aquele momento indiferente, mas resolvi começar a aproveitar a noite.
O assunto não me veio a cabeça, estavamos em um silêncio momentâneo, até que ele começou a se pronunciar, e eu a prestar atenção em suas palavras.
_Mas a hora já há de estar próxima. - ele tinha dito, e eu apenas prestará atenção, mas logo mudará de assunto.
_Que paciência a sua de esperar acordado, enquanto o vizinho dorme! E esperar sozinho! - enquanto eu pronunciava, refletia em minha própria mente o que estava falando, sendo que eu me sentaria ali, durante a noite, olhando pela janela, sozinha -Não tem medo de almas do outro mundo? Eu cuidei que se assustasse quando me viu. - e assim comecei minha tentativa de deixar a missa de lado.
_Quando ouvi os paços assustei; mas a senhora logo aparecerá.
_Que é que está lendo? - então tentei mudar rapidamente e bruscamente o assunto, veremos se fosse possível puxar uma conversa. - Não diga, já sei, é o romance dos Mosqueteiros. - e assim me vinha a mente o tempo em que eu tinha para ler livros, enquanto não sofria desta pressão.
_Justamente, é muito bonito. - e eu não me recordará do livro por si, mas lembrava que realmente ele tinha um ponto romantico em destaque.
_Gosta de romances? - eu perguntei tentando me aprofundar naquele assunto que já estará interessante.
_Gosto.
_Já leu A Moreninha? - um dos poucos livres que até eram considerados recentes de minha leitura, sendo uma ótima leitura.
_Do Dr. Macedo? Tenho lá em Mangaratiba.
_Eu gosto muito de romances, - eles demonstram normalmente pessoas em que não posso ser - ,as leio pouco, por falta de tempo. - e por problemas internos, e de aguentar está forte pressão - Que romance é que você tem lido? - e assim me aprofundei no assunto.
Ficamos então conversando e eu acabei me interessando no assunto, deste modo acabei colocando-me em uma posição de concentração enquanto conversava com ele, sem tirar os olhos dele, já que conseguia sentir suas palavras, mas meus benços começavam a secar, e eu passava a língua sobre eles, e assim tentará ser do modo mais discreto possível, mesmo que não dosse possível, porém ele acabou de falar, e eu não disserá nada, pois estava grata por aquilo, onde que esqueci de meus problemas por alguns segundos e falei sobre algo que me agradava. Mas o tempo passará e então me cansará, assim cruzei meus dedos e me apoiei com a cabeça sobre eles, apoiando meus cotovelos nos braços da cadeira.
_D. Conceição, creio que vão sendo horas, e eu...
_Não, não, ainda é cedo. - não poderia voltar para meu antigo mundo, queria aproveitar mais aquele momento, mais aquela felicidade interna que eu estava tendo - Vi agora mesmo o relógio; são onze e meia. Tem tempo. Você, perdendo a noite, é capaz de não dormir de dia? - perguntei interessada e tentando evitar o fim daquilo.
_Já tenho feito isso.
_Eu, não; - e realmente não- perdendo uma noite, no outro dia estou que não posso, e, meia hora que seja, heide de passar pelo sono. - mas em troca deste tempo, estou aproveitando este momento - Mas também estou ficando velha.
_Que velha o quê, D. Conceição! - e então aquelas palavras realmente me animaram, meu marido vivia dizendo que estava virando e velha e sem utilidade, por isso arranjou uma amante, mas este jovem não me considera uma velha, e por isso, soltei um sorriso.
E assim me animei e me levantei, já não estava indiferente, estava feliz ao meu modo, estava solta, alegre, e aproveitando aquele momento, e a noite começou a acontecer, comecei a remexer as coisas, andar pelo local, e conversar com ele, até que percebi estavamos juntos numa mesa sentado e conversando com grande fluência, e ele estava em total delirio, mas então notei o que realmente acontecerá, eu estava fazendo algo que não podia, uma mulher como eu não deveria se dar ao luxo de aproveitar a vida, e viver a vida como aquelas mulheres nos quadros, elas eram livres e não eu.
Por isso acabei ficando em um silêncio constante por algum tempo, até que notei que alguém baterá na janela e falava "Missa do galo! Missa do galo!".
_Ai está o companheiro,  - me levantei e voltei para meu modo indiferente, lembrando o quanto eu estava presa - Tem graça, você é que ficou de ir acordá-lo, ele é que vem acordar você. Vá, que hão de ser horas; adeus. - não me acreditava nas próprias palavras que eu havia dito e me remoera por dentro.
_Já são horas? - ele perguntou, confuso.
_Naturalmente. - respondi indiferentemente enquanto o companhiro repetia "Missa do galo!" na rua - Vá, vá, não se faça esperar. A culpa foi minha. Adeus, até amanhã.
Assim fui em direção ao corredor escuro, de modo calmo para não desabar, até quando cheguei no seu fim, e ouvi o bater da porta, comecei a chorar e as lágrimas percorrerão meu rosto por estar presa, neste mundo indiferente, tendo de ser, indiferente.

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